segunda-feira, 19 de março de 2012

Resenhas - Jornal do Gauss 2

Resenha de música: Um pouco da história do Rock/Metal
(Valmir, professor de Geografia, Atualidades e Geopolítica – cursa Geografia no IFSP)

Não há como entender o nascimento do Heavy Metal sem antes falar do Blues e do início do Rock`n Roll, pois todos provém de uma mesma origem, a cultura negra estadunidense. 
O Blues é conhecido como o lamento dos negros, uma forma que eles encontraram para se expressar sobre a realidade que viviam no início da década de 1930. Sua origem remonta ao começo do século XX, quando os cantos dos escravos nas lavouras de algodão passaram a ser reconhecidos como música propriamente dita (obviamente essas canções eram antes cercadas de preconceitos étnicos vindos de uma elite branca). Do canto passou-se a uma música na qual o violão era mais utilizado - dessa mistura nasceu o Blues que, como dito acima, vai representar o canto dos negros nos Estados Unidos. É com Robert Johnson que o Blues vai ganhar uma pequena notoriedade, influenciando assim demais músicos, como Howling Wolf, por exemplo.
Esse Blues se desenvolve, ganhando mais dinamismo e mais ritmo - por esse motivo, o novo gênero musical será chamado de Rythim and Blues. A partir daí, o blues, outrora melancólico, vai incorporar a malícia e a sensualidade do negro. Quando surge o grupo Muddy Waters, este estilo se tornará um incremento à vida cultural das elites brancas estadunidenses, o que será um problema a partir do final da década de 50 e início da década de 60. Nesse período os músicos Bill Haley, Chuck Barry e Little Richard vão se tornar muito influentes, passando a tocar cada vez mais nos nichos de cultura da elite branca. A exemplo pode-se citar o caso de Chuck Berry, que teve a maioria de suas músicas vendidas a músicos brancos, para que esses ganhassem fama com suas composições. 



O Rithym and Blues mesclado à música country e à música pop, muito representativas da elite branca, vai dar origem então ao Rock`n Roll, cuja tradução remete à sensualidade e ao sexo. Na figura de Bill Haley o Rock terá seu marco inicial, mas é com Elvis que este estilo musical será batizado e distribuído pelo mundo. Como dito acima, o Rock`n Roll tem sua origem na música negra e foi muito tocado por essa camada da população estadunidense.
O Rock`n Roll, agora instituído, vai passar à década de 60 sem grandes mudanças, mas a partir de 1970 vai ficar mais pesado e crítico. O Flower Power* perde força e uma nova geração de bandas passa a descrever o mundo como de fato ele é.  
Nesse contexto surge a banda Black Sabbath, os pais do Heavy Metal. Influenciados pelo blues e pelos Power trios (Cream e Jimi Hendrix), os quatro ingleses de Birmingham (Ozzy Osbourne, Bill Ward, Geezer Butler e Tony Iommi) vão colocar mais peso na guitarra, mais melodia e dramaticidade nos vocais (como no blues) e o enaltecimento do bizarro, do pessimismo e do assustador nas letras. Este passa a ser o retrato de um mundo onde os turnos nas fábricas inglesas chegava até 18 horas por dia, onde os trabalhadores eram mal remunerados, tendo de viver em um ambiente cinzento e cruel. Mediante tal realidade, a Black Sabbath se pôs contra os Hippies, espalhando por todos os cantos que o lema Paz e Amor eram impossível.
O estilo desenvolvido pela banda chamou a atenção de jovens de outros países industrializados, que montaram suas bandas nos mesmo moldes. Este fenômeno ocorreu no Japão, na Suécia e nos Estados Unidos, ganhando maior reconhecimento nos anos 80, quando uma nova geração de músicos vai mudar mais uma vez o estilo, acrescentando mais melodia, peso, novas influências e mudanças nas canções que influenciam até os dias de hoje aqueles que possuem bandas ou que admiram o estilo.
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*O Flower Power é o movimento Hippie do final dos anos 60, que juntamente com as manifestações do maio de 68 na França e a Tropicália no Brasil, representou a manifestação da juventude contra uma velha e gasta ordem. No caso particular dos Hippies, a contestação era em prol do fim da guerra do Vietnã. Vale ressaltar o famoso lema “Paz e amor”, que marcou uma geração.

Resenha de filme: Medianeras – o cinema argentino muito além do mediano
(Carina – Produção e Interpretação de Textos)

Para os brasileiros viciados em Hollywood, que, no máximo, vez por outra assistem a uma produção nacional, fica a dica: compensa dar uma passada pelo cinema vizinho também. Uruguai, Argentina, Bolívia e tantas outras nações latinas conseguem produzir filmes de qualidade e conteúdo – “Medianeras” é a prova.
 Não se trata de uma produção fenomenal – pelo contrário, todo o enredo é bem simples. Aos poucos vamos conhecendo os dois personagens centrais da obra, ambos muito solitários e decepcionados com a vida. Contudo, a forma de contar a história pessoal (e até um tanto banal) de cada um dos protagonistas é o charme do filme. Com foco na descrição de sentimentos e sensações, a obra consegue propor diversas reflexões sobre o ser-e-estar no mundo por meio de sua narrativa.
Os detalhes compõem grande parte da história, obrigando o espectador a ficar mais atento às pequenas coisas, tornando-o mais sensível. Apesar de ser apenas mais uma história de amor no século XXI, consegue escapar de muitos clichês do gênero. É uma boa pedida.           

 


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