segunda-feira, 19 de março de 2012

Jornal do Gauss 1 - Resenhas

RESENHAS DE FILMES

Hugo – quando as ideias acabam, é normal olhar para trás


(Sérgio Tück – Professor de Artes)


A Invenção de Hugo Cabret (esse nome em português é mais um daqueles títulos medíocres escolhido por alguém que definitivamente não assistiu ao filme) é uma boa produção, que retrata a Paris dos anos 30 e remonta a um período áureo do cinema, antes das falas e até da televisão. Filho de um relojoeiro (Jude Law), Hugo logo se encontra em uma situação extremamente delicada e difícil, na qual tem de aprender a levar a vida de forma dura e solitária, morando dentro do relógio da estação de trem.




A parte técnica do filme é realmente muito boa, com efeitos visuais bem bacanas, uma ótima fotografia e toda uma produção que lhe traz muita leveza e dá ao espectador a sensação de que está flutuando. Dizem os especialistas que isso tudo é pensado e realizado por um dos "gênios" do cinema, Martin Scorcese (quem viu “Os Infiltrados” e o “Internal Affairs” sabe que ele não é tão gênio assim.. e que talvez só agora tenha começado a CRIAR suas próprias obras). Os 5 Oscars que conquistou foram merecidos.

As atuações são todas bem bacanas, o garotinho e sua amiga interpretam muito bem os papéis, principalmente a garota, uma menina meio entediada ávida por aventuras. Sacha Baron Cohen (o Borat) também faz um papel bem legal como o inspetor da estação, junto do seu fiel dobberman, e por fim, atua muito bem o Ben Kingsley no papel do homem da oficina de brinquedos!

Quanto à história, apesar de ser bem bacana e bem contada até, poderia ter trabalhado mais alguns pontos, como o próprio personagem Hugo e o drama do Papa Georges, mas o início muito longo atrapalha um pouco.

Pelo que foi dito, é um filme para ser visto em 3D e a apesar de não ser uma daquelas aventuras explosivas cheia de efeitos chucros como “Transformers” e essa bacalhoada toda, foi tido como o primeiro filme realmente e verdadeiramente 3D! Mas isso só quem for ver pode comprovar, eu realmente não tive a oportunidade de vê-lo nas três dimensões.

Resumindo o filme, assim como o outro grande vencedor do Oscar, O Artista, olha pra trás, conta com os olhos de uma criança os primórdios do cinema, inclusive com amostragens bem legais dos primeiros filmes feitos. É um filme bem interessante por seu conteúdo, e com um visual bem bacana! Apesar de a história ter algumas falhas ao meu ver, elas não prejudicam muito um filme que pode ser visto por qualquer um... Vale a pena.

Inquietos – Que seja doce enquanto dure...

(Carina – Professora de Produção e Interpretação de Textos)


Inquietos consegue ser um título-sinopse perfeito para esta recente obra do diretor Gus Van Sant. Novamente ele tematiza a juventude pelo seu viés trágico (só para lembrar: o diretor produziu Elefante, filme sobre o massacre da escola Columbine). Entretanto, aqui a dor dos adolescentes é outra, mais profunda: enquanto o protagonista Enoch tenta superar a perda dos pais, a personagem Annabel é obrigada a encarar a sua própria morte de perto, ao descobrir que o câncer que tem é fatal.



Depois de um encontro casual (que não poderia acontecer em outro lugar que não um velório), os dois jovens passam a compartilhar vivências e experimentam sensações ainda não testadas. Enquanto descobrem avidamente a juventude, sabem que a morte lhes espia de todos os cantos. O fim de Annabel se aproxima na medida em que cresce o amor entre os dois protagonistas.

É um filme excelente, para assistir com a caixa de lenços de papel do lado. No entanto, não esperem por um sentimentalismo barato: o diretor tira sarro de qualquer tentativa neste sentido. Não se trata também, em nenhum momento, de uma obra fácil: é preciso desprendimento da lógica cartesiana para entender a narrativa que brinca com o fantástico a todo o momento.

Doce e intenso como a juventude. Imperdível.

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